quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Festa de Santa Bárbara poderá ser patrimônio imaterial

Do Correio da Bahia - Maíra Portela
"Mais uma manifestação popular, que perdura há séculos na Bahia, pode virar patrimônio imaterial. Após o Cortejo do 2 de Julho, primeiro bem registrado pelo estado, é a vez de a Festa de Santa Bárbara, realizada no dia 4 de dezembro, entrar para a lista de bens intangíveis. Baseado em elementos de pesquisa histórica e em fotos, o Conselho Estadual de Cultura decidirá, na tarde de hoje, se a comemoração dotada de sincretismo reúne qualidades para aprovação.
Caso o dossiê elaborado e encaminhado pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (Ipac), autarquia da Secretaria de Cultura, seja apreciado pelo conselho, o próximo passo será a definição de diretrizes de salvaguarda. Ou seja, quais as diversas formas de o estado proteger as características das devoções à santa católica. Ontem, durante o cortejo que integrou as comemorações pelo dia de Santa Bárbara, o membro da irmandade do Senhor do Rosário dos Pretos, Valdemar José de Souza, explicava a importância de o festejo ser considerado patrimônio imaterial. Um dos motivos seria a imortalidade da festa popular, que, comparada às outras da cidade, reúne o maior número de católicos. “Acho esse tipo de registro importantíssimo. A cada ano, a festa se multiplica. Vai chegar ao ponto de não ter mais espaço”, estima. Mesmo feliz com a possibilidade, Souza afirma não ter conhecimento profundo do assunto.
Força - Após conferir de perto a energia irradiante das comemorações de Santa Bárbara, o diretor geral do Ipac, Frederico Mendonça, não tem dúvidas quanto à preservação da festa. “Fiquei muito impressionado com a festa. Ela tem uma força muito grande, mas a decisão depende de uma deliberação do conselho”, explica.
O ritual de devoção começa às 5h com uma alvorada e queima de fogos de artifícios. Às 7h, Santa Bárbara recebe homenagens na Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, no Pelourinho. A população também é contemplada com uma missa campal, nas redondezas do templo católico.
Para finalizar os festejos, a procissão deixa a igreja e segue pelas ruas do Centro Histórico até o Quartel dos Bombeiros, na Barroquinha. Depois, o andor com a imagem da santa é levado para o mercado que leva o seu nome, local onde é servido o tradicional caruru.
Registrar uma manifestação cultural como esta, segundo Mendonça, significa reconhecimento por parte do estado em um bem que merece atenção e proteção. “É constatar que a festa tem valor e por isso precisa de salvaguarda”, complementa.
Outras manifestações culturais já são registradas como bens imateriais em âmbito nacional, a exemplo do ofício das baianas, da capoeira – que possui repercussão mundial – e do samba-de-roda do recôncavo baiano."

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